O Tsunâmis de 2004 e Previsões

31/03/2011 18:55

Em 26 de dezembro de 2004, o terremoto mais poderoso registrado em mais de 40 anos atingiu as profundezas do Oceano Índico, a oeste da costa de Sumatra, desencadeando um enorme tsunami. Uma das coisas que tornaram este evento particularmente destrutivo é que os tsunamis atingiram áreas relativamente populosas e ainda em plena temporada de férias, e portanto repleta de turistas. Eis uma linha do tempo do desastre:

0h59 TMG - um enorme terremoto de 9,0 pontos ocorre no Oceano Índico, no litoral de Sumatra, Indonésia. O sismo é tão intenso que é sentido na Tailândia, Malásia e Singapura. Grandes edifícios em Bangkok, a quase 2 mil km de onde ocorreu o terremoto, chacoalharam com a força do terremoto e dos abalos secundários; 

1h07 TMG - depois do abalo, estações sismográficas na Austrália alertam o Centro de Aviso de Tsunami do Pacífico, da NOAA, sobre o terremoto e a ameaça potencial de um tsunami. Há relatos amplamente conflitantes de diferentes fontes sobre o tamanho do abalo. Relatórios diferentes situam o terremoto em magnitudes que variam entre 6,6 e 8,9. Ao mesmo tempo, uma estação de rádio indonésia relata a morte de nove aldeões como resultado de um maremoto;

 


Foto cedida por DigitalGlobe
Kalutara, Sri Lanka: o recuo das águas

 


Foto cedida por DigitalGlobe
Close da inundação de Kalutara: o recuo das águas

2h27 TMG - ondas enormes atingem Kalmunai, no Sri Lanka;

2h30 TMG - Kattankudy é atingida. Nesse momento, quase toda a costa leste do Sri Lanka se encontra sob 2,7 metros de água;

2h40 TMG - ao longo dos próximos 15 minutos Batticaloa, Mullaitivu e Trincomalee, no Sri Lanka, são atingidas. Yala, na Tailândia, também é atingida pelo tsunami. Apesar de ainda não ter sido relatado, mais de 15 mil pessoas já morreram;

2h57 TMG - serviços noticiosos telegráficos emitem o primeiro relatório: "Terremoto desencadeia grandes ondas". Relatos de danos severos e fatalidades começam a vir da área balneária de Phuket, na Tailândia. A contagem oficial de mortes ainda é de nove. Todos os relatos são confusos e os números não são confirmados;

 


Foto cedida por DigitalGlobe
Danos à praia em Kalutara

3h00 TMG - um correspondente jornalístico da AFP em Colombo, Sri Lanka, recebe um telefonema de repórteres em Trinco: "O mar está avançando". No mesmo momento, Valvettiturai e Hambantota são atingidas. Quase 7 mil pessoas são arrastadas para o mar;

3h15 TMG - um correspondente do Washington Post relata um tsunami que atinge Weligama, no Sri Lanka. As províncias de Matara, Galle e Panadura também são atingidas. Outras 5 mil pessoas morrem; 

3h20 TMG - lotado de turistas europeus, o resort Rae de Kalutara, no Sri Lanka, é atingido. Imagens de satélite revelam a água avançando 500 metros da linha da praia;

3h30 TMG - o correspondente jornalístico da AFP em Colombo recebe um telefonema de Matara indicando que uma segunda rodada de ondas está chegando. As ondas atingem o litoral indiano. O Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico começa a obter relatos de baixas no Sri Lanka pela Internet. Negombo, no Sri Lanka, é atingida;

3h46 TMG - a agência de notícias AFP relata enormes baixas e desabrigados no Sri Lanka;

4h11 TMG - o nível das águas que se eleva rapidamente na Índia causa danos à faixa costeira. Alguns pequenos tremores são sentidos;

5h00 TMG - o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico avisa o Comando do Pacífico dos EUA no Havaí sobre a ameaça potencial de mais tsunamis no Oceano Índico ocidental;

5h13 TMG - o Sri Lanka aciona os militares e solicita ajuda à Índia;

5h41 TMG - o Primeiro Ministro da Tailândia ordena a evacuação das três maiores províncias, incluindo Phuket;

6h09 TMG - em poucas horas, o tsunami cruzou o oceano, inundando Malé, a capital das Maldivas;

7h15 TMG - o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico avisa o Departamento de Estado dos EUA sobre a persistência da ameaça de tsunamis em Madagascar e África. Nas próximas horas, os esforços de ajuda humanitária começaram.

Continuamente os cientistas estão tentando aprender novas maneiras de prever o comportamento dos tsunamis. Neste ponto, a maioria dos dados é colhida depois que o tsunami já fez seu estrago.

Em uma pesquisa pós-tsunami, diversas coisas são mensuradas. Os cientistas estão particularmente interessados nas características da inundação e elevação depois que as ondas atingem a terra. Inundação é a máxima distância horizontal penetrada terra adentro. Elevação é a máxima distância vertical acima do nível do mar que as ondas atingiram. A inundação e a elevação são determinadas freqüentemente por meio da medição da distância de vegetação morta, entulhos espalhados pela terra e relatos de testemunhas do incidente.

 


Foto cedida National Geophysical Data Center
Tsunami gerado pelo terremoto de 1º de Abril de 1946,
nas Ilhas Aleutas, Alasca. À esquerda, um edifício antes do tsunami. À direita, o mesmo edifício depois do tsunami.

 


Foto cedida National Geophysical Data Center
Danos causados por tsunami gerado pelo terremoto de 22 de maio de 1960, na costa do Chile

Os cientistas fizeram grandes avanços no monitoramento e previsão da ameaça constante dos tsunamis. Um centro que monitora continuamente eventos sísmicos e mudanças nos níveis das marés é o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico (em inglês). O PTWC se localiza em Ewa Beach, Havaí, e atende às ilhas havaianas e territórios americanos adjacentes por meio do trabalho conjunto com outros centros regionais. O Centro de Alerta de Tsunami da Costa Oeste e Alasca, em Palmer, Alasca, atende à área das Ilhas Aleutas junto com a Colúmbia Britânica e Estados de Washington, Oregon e Califórnia. Este centro é de particular importância porque terremotos submarinos nessa região criaram ondas que se moveram através do Oceano Pacífico antes de atingir qualquer outro lugar.

Os tsunamis são detectados por bóias de mar aberto e medidores de marés costeiros, que enviam informações para estações dentro da região. Estações de maré medem alterações mínimas no nível do mar, e estações sismográficas registram a atividade dos terremotos. Uma vigília de tsunamis entra em ação se um centro detecta um terremoto de magnitude 7,5 ou superior na escala Richter. As agências de defesa civil são notificadas em seguida e os dados das estações de medição de marés são monitorados atentamente. Caso um tsunami ameaçador passe e seja observado pelas estações de medição, um alerta de tsunami é emitido para todas as áreas potencialmente afetadas. Procedimentos de evacuação são então implementados nessas áreas.

O serviço de Avaliação e Relatórios de Tsunamis de Oceano Profundo (em inglês) usa exclusivos registradores de pressão apoiados no fundo do oceano. Estes registradores são usados para detectar ligeiras alterações na pressão da água acima deles. O sistema DART é capaz de detectar um tsunami tão pequeno quanto um centímetro de altura acima do nível do mar.

 


Foto cedida por NOAA
Dispositivo de registro do DART

O pior aspecto dos tsunamis é que, uma vez em movimento, não pode ser detido. Os cientistas e as agências civis podem somente aplicar recursos para prever tsunamis e criar planos eficazes para evitar a devastação das áreas costeiras.