Sismógrafos vão rastrear tremores em solo gaúcho

28/03/2011 22:32

Aparelhos usados para medir intensidade de terremotos serão instalados em três cidades do Estado

 

 

Os tremores do solo gaúcho serão medidos e estudados a partir do ano que vem. Canela, na Serra, Caçapava do Sul, na Campanha, e Pedras Altas, no Sul, foram as cidades escolhidas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) para a instalação de sismógrafos.

Serão os primeiros equipamentos fixos e públicos no Estado. Os sismógrafos são parte de 56 aparelhos que serão instalados no país em parceria da USP, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Observatório Nacional (ON) com a Petrobras, patrocinadora do projeto.

No Estado, os pesquisadores destacaram a região da Serra como primordial ao projeto pelos microtremores registrados com frequência em Caxias do Sul nos últimos cinco anos. Ruídos industriais, no entanto, afastaram a possibilidade de instalação no município. A disponibilidade de Canela em ceder espaço físico e a proximidade de 27 quilômetros em linha reta com Caxias habilitaram a cidade a receber um dos sismômetros.

– O abrigo está praticamente pronto. O sismógrafo será instalado sobre uma rocha dura, dentro do Parque do Caracol, onde não há ruídos externos que interfiram na medição – explica o professor de geologia e sismologia da USP Afonso Vasconcelos Lopes.

Caçapava do Sul e Pedras Altas foram escolhidas por estarem distantes mais de 200 quilômetros uma da outra e terem universidades parceiras próximas que acompanharão os trabalhos e farão a manutenção dos aparelhos. A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) trabalha em conjunto com a USP para as estações de Caçapava do Sul e de Canela, e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) com a de Pedras Altas.

Aparelhos captam atividades sísmicas em todo o mundo

Os sismômetros da USP são novos, fabricados no Canadá. Sensíveis a microtremores em um raio de cerca de 50 quilômetros, podem revelar a estrutura da terra em uma profundidade de até mil metros. Também registrarão os reflexos aqui de tremores que ocorrerem em qualquer parte do mundo, conforme a escala Richter. Não podem, contudo, prever tremores, como terremotos.

– Os sismógrafos vão nos permitir mapear a atividade sísmica do território nacional. As pesquisas apontarão os pontos mais instáveis – diz Lopes.

Os aparelhos enviarão dados em tempo real para um servidor da USP, que oferecerá as informações na internet. A previsão é que estejam em funcionamento até o início de 2011. A USP é responsável por 30 sismômetros do país, a UFRN instalará 15 no Nordeste, a região com mais atividade sísmica no Brasil, e o ON instalará 11 aparelhos na faixa litorânea.