Atingindo água e a terra

31/03/2011 18:51

Assim que a água é empurrada para cima, a gravidade atua sobre ela, forçando a energia para fora horizontalmente ao longo da superfície da água. É como o efeito de ondulação que você obtém quando atira uma pedra na água, mas ao contrário: a energia é gerada por uma força que se move para fora em vez de para dentro da água. Essa energia então se move para o fundo e para fora do ponto de abalo inicial.

É a força do abalo sísmico que gera a incrível velocidade do tsunami, que deve ser medida no ponto mais fundo no momento em que o tsunami passa. A velocidade é a raiz quadrada do produto da aceleração da gravidade e da quantidade da profundidade da água ou:

    t = raiz quadrada de (g x p), onde:
    t = velocidade do tsunami em metros por segundo;
    g = aceleração da gravidade (10 m/s);
    p = profundidade da água.

Foto cedida por NOAA
Uma animação do tsunami no Oceano Índico em 2004

A capacidade de manter a velocidade de um tsunami é influenciada diretamente pela profundidade da água. Um tsunami se move mais rápido em águas profundas e mais lentamente em águas mais rasas. Assim, ao contrário de uma onda normal, a energia motriz de um tsunami se move através da água e não em sua parte superior. Como resultado, à medida que um tsunami se move através de águas profundas a centenas de quilômetros por hora, ele é pouco perceptível acima da linha da água. O tsunami não costuma ter mais de 1 metro de altura até chegar próximo à praia.

Assim que ele chega próximo à praia, toma sua forma mais reconhecível e mortal.


Foto cedida por USGS
Simulação de um tsunami no Pacífico

 

Ao aproximar-se da terra, o tsunami atinge águas mais rasas. A água rasa e a terra costeira atuam para comprimir a energia que se desloca através da água. Isto inicia a transformação do tsunami.

A topografia do fundo do mar e o formato da praia começam a afetar a aparência e o comportamento do tsunami. Além disso, à medida que a velocidade da onda diminui, a altura aumenta consideravelmente e a energia comprimida força a água para cima. Um típico tsunami irá desacelerar para velocidades de cerca de 50 km/h e a altura da onda poderá atingir cerca de 30 metros acima do nível do mar. À medida que a altura da onda aumenta durante este processo, seu comprimento diminui consideravelmente. 

Uma pessoa na praia pode ver uma considerável elevação e diminuição do nível da água quando um tsunami é iminente. Às vezes a água costeira desaparece completamente à medida que é sugada para o interior do tsunami. Este evento incrível é seguido pela cava real do tsunami atingindo a praia. Com maior freqüência os tsunamis chegam à praia como uma série de fortes e rápidas inundações, e não como uma única e enorme onda. Pode ainda surgir uma pororoca, ou seja, uma grande onda vertical com a frente de espuma. As pororocas freqüentemente são seguidas por rápidas inundações, o que as torna particularmente destrutivas. Outras ondas podem ocorrer a qualquer momento entre cinco e 90 minutos depois do impacto inicial. O trem de ondas do tsunami, depois de se deslocar como uma série de ondas ao longo de uma grande distância, se lança na praia.

Geralmente os tsunamis resultam em um número de vítimas assustador, o que é especialmente verdadeiro quando eles chegam sem aviso. Os tsunamis podem arrasar as edificações e varrer as faixas costeiras, arrastando tudo em seu caminho de volta ao mar.

 


Foto cedida pelo National Geophysical Data Center
Tsunami quebrando sobre o cais em Hilo, Havaí

 


Foto cedida pelo National Geophysical Data Center
Destroços da sede de um partido político resultantes de um tsunami que atingiu as ilhas Aleutas em 1946

As áreas de maior risco de impacto de tsunamis estão no perímetro dos dois primeiros quilômetros da linha da praia, devido à inundação e ao entulho espalhado, e menos de 15 m acima do nível do mar, devido à altura das ondas que golpeiam o litoral.

Um tsunami é capaz de alcançar até mesmo áreas abrigadas, devido a características variáveis do terreno e da paisagem marinha submersa. Por exemplo, uma área de baía protegida com uma entrada estreita pode dar a um tsunami um "funil" para sua passagem, amplificando o poder destrutivo das ondas. Além disso, um canal de rio pode proporcionar espaço para que uma pororoca de tsunami avance por ele, permitindo alagar enormes extensões de terra.

Até um tsunami atingir um local, é difícil prever como ele irá interagir com as características da terra afetada. O efeito circular ocorre ao longo de faixas costeiras de ilhas, quando múltiplos impactos de ondas atingem áreas diferentes da terra circundada, resultando em diferentes graus de inundação. Seicha é um efeito colateral caótico e altamente destrutivo do tsunami criado quando ondas se refletem e retornam continuamente das orlas de um porto ou baía. A seicha pode causar a amplificação da altura das ondas circulantes e até aumentar a duração da atividade das ondas dentro da área.

 

Tsunamis famosos
  • 26 de dezembro de 2004: um enorme terremoto na costa de Sumatra gera ondas de tsunami que destroem a faixa costeira de dez países, matando mais de 220 mil pessoas.
  • 17 de julho de 1998: um tsunami arrasa a costa norte de Papua-Nova Guiné, matando 2 mil pessoas.
  • 16 de agosto de 1976: um tsunami atinge a região do Golfo de Moro, Filipinas, matando 5 mil pessoas.
  • 28 de março de 1964: o terremoto da Sexta-Feira da Paixão, no Alasca, cria um tsunami que envolve a linha costeira. O mesmo tsunami atinge também o Oregon e a Califórnia. No total, 132 pessoas morreram.
  • 22 de maio de 1960: um tsunami com 10,6 m atinge Chile, Havaí, Filipinas, Okinawa e Japão. Mais de mil pessoas morrem.
  • 1º de abril de 1946: um terremoto no Alasca gera um tsunami que destrói o Farol de North Cape e horas depois atinge Hilo, no Havaí. No total, 164 pessoas são mortas.
  • 31 de janeiro de 1906: um terremoto em alto-mar cria um tsunami que engole parte de Tumaco, Colômbia. A contagem de vítimas é estimada entre 500 e 1.500 pessoas.
  • 17 de dezembro de 1896: um tsunami arrasa a avenida principal de Santa Bárbara, Califórnia. Nenhuma fatalidade foi registrada.
  • 15 de junho de 1896: o tsunami de 21 m de altura, Sanriku, arrasa o Japão, matando 26 mil pessoas.
  • 27 de agosto de 1883: a erupção do vulcão Cracatoa cria um tsunami que varre as ilhas vizinhas de Java e Sumatra, matando 36 mil pessoas.
  • 1º de novembro de 1755: o Grande Terremoto de Lisboa cria um tsunami de 6 m de altura que destrói o litoral de Portugal, Espanha e Marrocos.